domingo, 20 de novembro de 2011

A ciutat





And so it comes to be que a cidade que marcou o início tenta apanhar os pedaços do fim.

sábado, 12 de novembro de 2011

A avalanche



Sinto-me triste e melodramático. Riding shotgun down the avalanche

terça-feira, 8 de novembro de 2011

A merda




N sei se é o stress das responsabilidades do momento, se é a porcaria de período em que me encontro, se é a pressão do doutoramento da f – eu sei, é uma noção estranha, mas posso garantir que existe- ou se simplesmente a divina providência está com o cu virado para a lua, mas a verdade é que n paramos de discutir. Eu sinto que está tudo lá, como de costume, mas isso n impede que este momento esteja a ser muito difícil de aguentar. Parece que alguém começou uma porra duma competição parva para ver quem faz mais, quem faz melhor, quem faz mais rápido. Julgo n contribuir para esta merda, mas já duvido de mim próprio. E o pior é que já n digo montes de coisas, coisas que para mim são importantes, coisas que devem ser ditas porque vão moendo, coisas que ferem ou feriram ou podem vir a ferir, e que ficam por dizer porque já é muito violento ou desgastante, e porque já n tou pra isso.
Espero que as coisas melhorem, espero que ela ultrapasse o que quer q seja que a anda a transformar num ogre. Ou, segundo a escola alternativa, espero que me venha o discernimento para perceber que aquilo que sinto como ataques e criticazinhas constantes e injustificadas são apenas observações inofensivas. Das duas uma, foda-se!
E que venha a neve.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A palmada




O dia teve um início auspicioso! Bem, teve um início sobretudo cinzento, cheio de nuvens que nos brindavam com uma chuva miudinha a la londres, um vento constante a la oeiras, e sem neve! Mas apesar disso mantenho o adjectivo inicial, e repito: o dia tivera um início auspicioso - até meto assim à pressão um mais-q-perfeito para efeitos estilísticos (mas só nesta frase, segue em tempos verbais menos complicados dentro de momentos, que aquilo sempre dá trabalho, ainda me engano e é aborrecido)! Tinha dormido muito bem, havia no ar um ambiente de carinho e bom humor que já nos acompanhava desde o serão da véspera, e eu gozava a minha mijinha matinal com aquele prazer rameloso de quem se levanta com calma, à filme de gente sem preocupações proletárias, já a sentir na boca o sabor das torradas do pequeno-almoço, cuidadosamente tartinées com roquefort e doce de morango! Eu sei que a casa de banho não é o lugar de eleição para soltar a imaginação em deambulações gastronómicas, perdoem-me o mau gosto, mas este doce de morango tem 70% de fruta, e combina com o queijo que é um mimo!
Continuou porreiro até ao almoço. Fiz uns exercícios meio chatos para equilibrar os chacras e mais não sei quê - “parce q tu bouges jamais ton gros cul” -, joguei um pouco de PES2008 – pq a minha placa gráfica n dá pa mais, e convém compensar o exercício com algo de bem sedentário – e estudei alemão – pq tem de ser, e apesar de frustrante até é divertido. Resumindo, nada de bien méchant.
Depois veio o almoço, delicioso, couve roxa assim meio doce, schpezle com um molho de cebola surpreendente e uns escalopes de peru que, considerando a ave em questão, estavam bastante bons - isto hoje tá de índole muito culinária, estou a sentir-me a Enid Blyton.
E depois veio a palmada. Palmada na versão dela, porque fui eu o autor e, como qualquer artista, conheço a minha obra melhor que ninguém. Aquilo foi um apalpão! Assim com a mão cheia mas com maior intensidade nas pontas dos dedos, vigoroso mas cheio de carinho. O objecto do vigoroso carinho tinha acabado de lavar uma pilha de loiça e acho que se preparava mentalmente para encetar finalmente a tarefa cujo início andava a protelar há 3 dias. Era portanto um objecto de carinho vigoroso ligeiramente preocupado com as dificuldades inerentes ao trabalho futuro e bastante irritado com a sua indolência passada, mas ainda sem vontade nenhuma de começar. Ora se os objectos reagem de forma imprevisível aos carinhos mais vigorosos, nestas condições específicas um objecto tão explosivo como o meu não podia senão ter uma reacção violenta. E eu, como sujeito não menos explosivo, fiquei logo irritado com a violência da reacção. Mas reunindo todo o meu sangue-frio lá me arrastei para outra divisão, a espumar mas de boca fechada, para n se ver.
O pior veio depois. “ah e tal, tás a ver um filme, bem podias estudar alemão...”. Ora para quem tem a consciência tão pesada como eu, para quem sabe que tem no seu passado grandes nódoas negras e fedorentas de preguiça e inércia, esse é o tipo de boca que tem efeito desproporcionado e imediato! Como que atingido por um taser, todo o meu corpo estremeceu e senti-me como me sinto cada vez que essa parte do meu passado volta à superfície da minha consciência, qual matéria fecal de grandes dimensões que resiste ainda e sempre ao fluxo hídrico que a tenta arrastar – eh fadista! “pq é que dizes isso, já estive a estudar, já n tamos em aix, já encontrei o meu rumo, tás sempre a colar-me essa merda dessa etiqueta, que raio tens tu a apontar-me nowadays etc e tal”, umas ditas, outras pensadas, todas sentidas e muito violentas!
Talvez o objecto ainda associe ao sujeito presente os seus comportamentos pouco responsáveis do passado. De resto, talvez seja justo se assim for.
Não há dúvida de que o sujeito ainda tem este fardo perdido nos recantos da consciência, e talvez projecte no objecto o medo ou culpa que ainda sente, tomando como pretexto qualquer palavrinha ou boca inocente – if such a thing there be.
De qualquer maneira este texto foi uma bela catarse e permitiu-me ordenar as ideias. Permitiu-me ainda a realização de dois sonhos pessoais: falar publicamente à Jardel, na 3a pessoa, e fazer exercícios estilísticos de mérito duvidoso em torno de sanitas e cocó, caminho e meio andado para fazer rir o objecto!

domingo, 23 de outubro de 2011

A neve



Parece que não cheira a neve. Já ouço esta conversa desde que me dou com esta espécie mais setentrional, gente loura de olhos azuis e pouca tolerância a temperaturas acima dos 18 graus Celsius. Dizem-me que podemos prever o advento dessa forma maravilhosa de precipitação segundo o cheiro. A coisa, de tão absurda, sempre me pareceu gambuzinos para mouros. Como raio pode a neve por cair influenciar o cheiro do ar? Fiz um esforço de fé que acompanhei com uma tentativa de explicação pseudocientífica do fenómeno- seria a conjugação do ar frio com o céu nublado. No entanto, descobri que a reunião desses factores n era suficiente para a queda de neve, e continuei confuso. De facto, podemos ter dias e dias dum frio dos tomates e céu nublado sem que caia um mísero floquinho de neve. Às vezes n cai nada, às vezes cai chuva e eu fico com cara de otário a pensar “porra, tamos abaixo de zero, congela-te sésamo!”. Mas não, a meteorologia tem razões que a minha razão desconhece. E o cheiro continua a ser um mistério.
E apesar disso asseguram-me que é verdade, garantem-me o rigor e os méritos desta interpretação sensorial para prever a meteorologia futura, quase ao ponto de ficarem ofendidos com o meu cepticismo! Ora, para mal dos meus pecados, apesar das temperaturas negativas e das nuvens frequentes, dizem-me que por ora o cheiro está ausente destas paragens, parece que anda pelos Alpes.
É óbvio q para estes vikings insensíveis q me rodeiam isto n tem qualquer importância, neve é neve, é como chuva ou vento ou vacas ou acidentes rodoviários, contingências da vida nas montanhas. Mas claro q isso n faz qualquer sentido. Contrariamente a acidentes rodoviários, chuva, vento ou vacas, a neve é um acontecimento mágico, lindo e tão exótico como um ornitorrinco! Na serra do Caldeirão é mais fácil testemunhar um acidente rodoviário com um carro conduzido por uma vaca num dia de vento e chuva que ver cair 1 único floco de neve! Mas os vikings n sabem, e n gostam da neve nem do frio que a acompanha. O que é curioso, porque também não gostam do calor algarvio das noites estivais. Nos países civilizados vive-se com conforto entre 8 e 18 graus, temperaturas acima ou abaixo deste intervalo são uma provação atroz a que se sobrevive a custo, com perseverança e ar condicionado.
Pois eu gosto de extremos, gosto de suar em bica imediatamente antes do alívio do mergulho mas também me agrada sentir que uma onda glacial me invade o peito a cada inspiração, cada coisa a seu tempo e muito de ambas, se faz favor! E como sou quase africano um Verão ameno é um anticlímax brutal. Quero é mangas cavas, volantes escaldantes, estradas ondulantes e noites de 30 graus. Mas agora n é Verão, e desde a catástrofe do nine/six sinto-me somewhat alheado dos sentimentos joviais que associo aos meses de calor. Nem sequer me deprimiu muito estar aqui sabendo que em Portugal houve calor a sério até meio de Outubro. Fiz o meu casulo hiemal e abracei o meu locus horrendus! Disse salut vento e chuva, ça va ruminantes, bonjour silhuetas rubras à beira da estrada, lúgubres representantes da juventude montanhesa de vidas colhidas pelo álcool e pelas curvas apertadas.
Mas com o passar do tempo o meu humor vai melhorando, o meu fel vai-se diluindo e o locus horrendus continua a ser muito confortável mas já me aborrece um bocado. Acho que a criancinha meridional que dormita em mim já está pronta para se deslumbrar com a beleza natalícia da neve! E dou por mim a olhar esperançosamente para o céu e para o termómetro, à espera de neve, perante o escárnio dos vikings, senhores do seu nariz, seguros das suas capacidades de previsão meteorológica.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A políssia

Dos filmes de bófia de que mais gostei. Por vezes tem-se a sensação que é um pouco açucarado, mas é tão doce e pungente e humano que se lhe perdoa o açúcar.

domingo, 16 de outubro de 2011

A maçã



passados uns dias do trágico acontecimento ainda n despontou em mim o sentimento que parece ter tomado de assalto o mundo. não falo da indignação perante o paradigma económico vigente nem da suspeita geral que recai sobre a cada vez mais íntima relação Merkel-Sarko (que homem baza depois do trabalho para se "reunir" com outra mulher, quando a sua está prestes prestes a rebentar??). Falo de algo que parece mais transversal, a consternação pela morte do Steve Jobs. parece que quem não diz "obrigado steve, quem me dera que tivesses tido tempo para me fazeres um Ifilho" não é gente. pois eu confesso que a sua morte me deixou absolutamente indiferente, pelo menos até ao momento em que me apercebi de que grande parte da humanidade estava imersa num pesadíssimo luto de orfandade e idolatria. aí a indiferença transformou-se num sentimento mais difícil de definir, mas certamente no lado negativo da escala, as feelings go. talvez esta indiferença inicial seja a constatação da minha ignorância, obviamente algo comum a tanta gente deve ter alguma sustentação real, por isso mantenho-me totalmente receptivo a explicações plausíveis para este fenómeno q me ultrapassa. mind you, n tenho Icenas, só tive contacto com Ipod's e Iphones, reconheço-lhes os méritos e tal, mas só isso, não foi por aí que o stevie mudou a minha existência ... para mim, nem o facto de ter criado gadjets cada vez mais bonitos e estreitos e ergonómicos e adorados por todos os homens da minha geração o torna o newton nem o discurso de stanford me inspira ao ponto de o ver como um qualquer luther king do sec21. as suas criancinhas chinesas certamente não o tornam o gandhi.
no fundo, julgo que aquilo que mais me incomoda (e obviamente tudo isto é interpretação pessoal altamente subjectiva e falível) é o facto de o ver como o homem que sublimou o consumismo, que o moldou aos novos tempos e aos novos homens. tornou cada um dos membros da sua congregação (pseudo)co-autor da sua onerosa liturgia, levantando assim quaisquer barreiras morais ao consumo que ainda existissem. os meninos que na secundária queriam as levis da moda, escondendo-se atrás da eventual superior qualidade da ganga para justificar perante os pais o uso de uma peça tão cara, compram agora sem complexos e do seu bolso as sucessivas gerações de iphones e ipads, cada vez mais bonitos e mais passiveis de adaptação individual através do desenvolvimento pessoal das suas aplicações, cada vez mais fácil. o mundo I retirou da equação do consumo a desonestidade intelectual, última réstia de consciência das suas falhas - quem chupou no Ibeberão está verdadeiramente convencido de precisar dele. O mundo do Jobs tornou-se uma necessidade funcional e estética para o rebanho da maçã, que agora lhe tece loas e lhe acende velas.
o homem foi certamente um génio comercial, mas será isso suficiente para justificar estas demonstrações de reverência? será que esta é a verdadeira natureza dos ícones do futuro?  será que este é o único tipo de Messias a que ainda podemos aspirar? e, se assim for, será isso bom sinal?
eu cá n sei, para mim uma maçã continua a ser só uma maçã, porra!

http://www.southparkstudios.com/full-episodes/s15e01-humancentipad

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A equipa de todos nós



de volta ao país dos queijos de pasta mole, ao abrir despreocupadamente o browser dou por mim a descobrir que portugal jogou, e perdeu!
não serei certamente um indefectível adepto da equipa de todos nós. os raros assomos de entusiasmo, os berros e urros apaixonados e desesperantes para quem me rodeia apenas me acontecem com as quinas nos mundiais e europeus, e e...  diga-se que berros e urros apaixonados e desesperantes para quem me rodeia são comportamentos que exibo em qualquer mísero joguito de pré-época do meu clube, por aí se vê que a pobre selecção parte com um tremendo handicap e tem verdadeiramente que merecer o meu apoio. no entanto, daí a esquecer que aqueles macacos jogam e perder-me nas minudências do discurso dum candidato ps às eleições francesas numa entrevista na tv vai uma grande distância. o eu típico iria, pelo menos, acompanhar periodicamente o resultado pela net, torcer um bocadinho agora pela possibilidade futura de mandar berros e urros apaixonados e desesperantes para quem me rodeia. mas não, esqueci-me e a notícia nem me perturbou muito.
poderia ficar orgulhoso, pensar "sim senhor, tou a ficar um homem, tou verdadeiramente mais preocupado com a votação do FEEF na eslováquia ou com a posição oficial de uma candidato francês sobre as eurobonds que com o dinamarca-portugal, decisivo para o euro 2012!". mas talvez seja muito cedo para alardear aos 4 ventos o valor das minhas prioridades, porque a verdade é que se fosse uma eliminatória europeia dos meninos do meu clube tava-me bem a cagar para tudo o resto, pelo menos durante 90minutos. além disso, estes meus interesses superiores, este meu apego à sociedade e à política e às coisas que verdadeiramente interessam e que nos definirão como civilização nos anos vindouros não é totalmente altruísta, já que muito do que se decida a nível europeu nos próximos meses terá influência imediata e definitiva sobre o meu projecto de vida. e tudo isto a um nível tal que, nos últimos tempos, dei por mim a aceitar e a querer acreditar em medidas contrárias à minha protoconsciência política de sempre, só porque serão eventualmente favoráveis aos meus interesses profissionais, numa perspectiva bem mesquinha, nada altruísta, certamente pouco baseada numa defesa dos superiores interesses do povo e completamente indiferente ao avanço civilizacional da humanidade. até os indignados, que teriam sido fonte de grande entusiasmo há uns meses, que são sem dúvida um dos fenómenos mais excitantes no panorama actual, me inspiram algum temor, fazem sobressair  o scrooge individualista que há em mim, que os insta com xiuus camuflados e confrangidos a baixar a voz, a protestar mas com juizinho, a reivindicar mas sem perturbar demasiado as instituições que infelizmente se têm alinhado com este sistema cada vez mais injusto mas que, se eu fizer a minha parte, me darão em breve o meu emprego de sonho.
para descansar o meu séquito de incondicionais leitores inexistentes devo dizer que não me sinto um scrooge! acho que poucas pessoas se conseguem alhear totalmente dos seus interesses pessoais e efectivamente desejar coisas que lhes são contrárias unicamente porque se alinham com as suas convicções quanto a um bem comum. acho que posso  comprometer ligeiramente os meus ideais em prol do meu interesse pessoal e continuar a ser, grosso modo, um gajo porreiro. afinal de contas, estes meus conflitos internos são precisamente isso, internos, não têm expressão exterior, são unicamente vicissitudes da minha razão e consciência. apesar disso este nosso tempo é, de certo modo, o fim das ilusões. esta conjugação de factores parece alinhavada pelo cosmos para me mostrar que, entre uma explosão no sentido das minhas convicções ou uma transição calminha que permita a manutenção do status quo e que me permita exercer a actividade q me apaixona, tendo a engrossar as fileiras dos hipócritas. a crise das dívidas soberanas marca a verdadeira consciencialização das minhas concessões.
nada disto me faz sofrer, mas faz diminuir bastante o meu interesse pela selecção nacional.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

afinal há mais

afinal o documento da f não se perdeu, mas parece que ainda tem de continuar a dedilhar freneticamente. tanto melhor, não tenho sono nem vontade de encurtar este dia, o último deste limbo pós-fracasso. amanhã haverá certamente faces pesarosas e discursos contidos, amanhã requer paciência.
será que, de facto, a viagem n é positiva? a acreditar nas certezas de todos, que importa um ano a mais? desde que em 2012 a coisa aconteça, como é de esperar (já o era em 2011...), um ano adicional, tranquilo, com tempo para estudar até deve ser simpático...

and so it begins

..como diria alguém importante perante um acontecimento importante. 

Porque a água me parece muito mole para a pedra que temos, e pedradura já existia.
Porque o caminho inesperadamente se fez longo quando o descanso estava à porta, e o importante não é só a viagem.