Mais uma merda de dia de bola... enfim,
adiante, que este post é sobre coisas alegres.
Este ano tem sido a maior chatice de
que há memória. Houve muito movimento de Setembro a Novembro, uma
agitação desafortunada que me abalou as fundações e que
preferiria não ter sentido. Desde aí também tive uns episódios de
escape à monotonia no doce frenesim do monóxido de carbono e no
calor da amizade, mas foram momentos excepcionais que estão longe de
compensar o facto de, em geral, me aborrecer comme un rat mort, de já
conseguir enumerar sem dificuldade todos os pormenores da paisagem
que se me apresenta pelas duas janelas do meu quarto de criança, de
apenas interagir com gente da minha idade quando peço cafés.
Paulatinamente, à força de expressões populares paternas e
nespresso descafeinatto intenso, estou a transformar-me numa camisa
quadriculada de flanela coçada, dobradinha e naftalenta, esquecida
desde a noite dos tempos no fundo de uma gaveta. A minha mãe bem
tenta impedir a metamorfose optando por umas madeirinhas muito
modernas e bem-cheirosas na sua luta incansável contra as traças,
mas não há maneira, o poder da naftalina is upon me, houvesse uma
Florida nestas paragens e lá estaria eu, a conduzir mal e a passear
de robe.
Ora ciente de tudo isto, farta de
assistir à minha seca de vida, exasperada pelo desfile de sementes
esvoaçantes pelo pó da minha consciência, a minha mente decidiu
animar os meus sonhos. Gaja porreira esta mente, nunca me enganou!
Desde há uns dias tem sido um cortejo de mulherio de primeira
qualidade a passear-me pela cabeça, a falar comigo todas coquettes,
um regalo! Benza-a deus, a minha mente espabilada tem sido
inteligentíssima na escolha das criaturas maravilhosas que me oferece! Além dos
critérios estéticos evidentes, todas as contempladas são ou foram
parte da minha vida, tornando a experiência muito mais real e
gratificante do que se me tivesse atirado com uma qualquer Megan Fox
– quoique... Mais, a minha ardilosa cabecinha não me tem mandado
directamente para a cama com elas, não senhor! Apesar de guardar
boas recordações dos tempos dos sonhos molhados, convenhamos que,
para uma camisa de flanela aos quadrados exilada em casa dos pais,
seria bastante confrangedor sujar os lençóis. Nada disso, a coisa é
toda muito mais romântica que sexual, há empatia, surpresa, humor,
flirt, há aquela excitação febril dos primeiros tempos, é
uma delícia! Claro que tudo isto varia bastante consoante o tipo de
relação que tenho com a mulher em causa na matrix diurna. Mas seja
um velho romance, uma amiga ou uma fantasia distante com quem mal me
cruzei, o sonho é sempre bom!
Perante esta dádiva não levanto
grandes questões, um psi de pacotilha diria que talvez o onanismo
não supra todas as necessidades ou que talvez esteja há demasiado
tempo sem sentir as deliciosas emoções que só o belo sexo pode
despertar, mas estou-me bem a cagar, se é o que há venha então o
sucedâneo!
Claro que há um ligeiro reverso nesta
medalha brilhante. Dizia eu acima que é sempre bom, e é, durante o
sonho. No entanto, quando tocou à minha ex vir a jogo o despertar
foi duro, andei a manhã inteira com uma sensação estranhíssima e
um humor de cão. Mas na noite seguinte tive logo outro treat
onírico, um velho caso, lourinho de olhos verdes e rabo adorável, ainda mais
interessante ontem que back in the day!
Quem será hoje? Já falta pouco, long
live my Vitinhas!