segunda-feira, 30 de abril de 2012

Os reforços





Mais uma merda de dia de bola... enfim, adiante, que este post é sobre coisas alegres.
Este ano tem sido a maior chatice de que há memória. Houve muito movimento de Setembro a Novembro, uma agitação desafortunada que me abalou as fundações e que preferiria não ter sentido. Desde aí também tive uns episódios de escape à monotonia no doce frenesim do monóxido de carbono e no calor da amizade, mas foram momentos excepcionais que estão longe de compensar o facto de, em geral, me aborrecer comme un rat mort, de já conseguir enumerar sem dificuldade todos os pormenores da paisagem que se me apresenta pelas duas janelas do meu quarto de criança, de apenas interagir com gente da minha idade quando peço cafés. Paulatinamente, à força de expressões populares paternas e nespresso descafeinatto intenso, estou a transformar-me numa camisa quadriculada de flanela coçada, dobradinha e naftalenta, esquecida desde a noite dos tempos no fundo de uma gaveta. A minha mãe bem tenta impedir a metamorfose optando por umas madeirinhas muito modernas e bem-cheirosas na sua luta incansável contra as traças, mas não há maneira, o poder da naftalina is upon me, houvesse uma Florida nestas paragens e lá estaria eu, a conduzir mal e a passear de robe.
Ora ciente de tudo isto, farta de assistir à minha seca de vida, exasperada pelo desfile de sementes esvoaçantes pelo pó da minha consciência, a minha mente decidiu animar os meus sonhos. Gaja porreira esta mente, nunca me enganou! Desde há uns dias tem sido um cortejo de mulherio de primeira qualidade a passear-me pela cabeça, a falar comigo todas coquettes, um regalo! Benza-a deus, a minha mente espabilada tem sido inteligentíssima na escolha das criaturas maravilhosas que me oferece! Além dos critérios estéticos evidentes, todas as contempladas são ou foram parte da minha vida, tornando a experiência muito mais real e gratificante do que se me tivesse atirado com uma qualquer Megan Fox – quoique... Mais, a minha ardilosa cabecinha não me tem mandado directamente para a cama com elas, não senhor! Apesar de guardar boas recordações dos tempos dos sonhos molhados, convenhamos que, para uma camisa de flanela aos quadrados exilada em casa dos pais, seria bastante confrangedor sujar os lençóis. Nada disso, a coisa é toda muito mais romântica que sexual, há empatia, surpresa, humor, flirt, há aquela excitação febril dos primeiros tempos, é uma delícia! Claro que tudo isto varia bastante consoante o tipo de relação que tenho com a mulher em causa na matrix diurna. Mas seja um velho romance, uma amiga ou uma fantasia distante com quem mal me cruzei, o sonho é sempre bom!
Perante esta dádiva não levanto grandes questões, um psi de pacotilha diria que talvez o onanismo não supra todas as necessidades ou que talvez esteja há demasiado tempo sem sentir as deliciosas emoções que só o belo sexo pode despertar, mas estou-me bem a cagar, se é o que há venha então o sucedâneo!
Claro que há um ligeiro reverso nesta medalha brilhante. Dizia eu acima que é sempre bom, e é, durante o sonho. No entanto, quando tocou à minha ex vir a jogo o despertar foi duro, andei a manhã inteira com uma sensação estranhíssima e um humor de cão. Mas na noite seguinte tive logo outro treat onírico, um velho caso, lourinho de olhos verdes e rabo adorável, ainda mais interessante ontem que back in the day!
Quem será hoje? Já falta pouco, long live my Vitinhas!